O sinal toca novamente na escola
Brasílica, dessa vez era para avisar que a aula da professora Laura havia
acabado e o intervalo haveria se iniciado.
Todos os alunos haviam guardado os seus
materiais em suas mochilas ou pastas, todos sabiam o que iriam fazer, todos
estavam ansiosos, menos Esmeralda, que ainda guardava lentamente sua apostila,
lápis, caneta, e o estojo cor de rosa. Ela não saberia para onde ir, nem teria
como, pois era novata e acabara se sentindo um patinho no meio de gaviões.
Esmeralda enfim ergue-se e olha para trás “eles não estão mais na sala”. - pensa
Esmeralda sobre Rafael e seus amigos._ na verdade não tinha quase ninguém na
sala, fora Calisto que acabara de falar com alguns meninos e já estava se
aproximando dela...
- Oi lindinha. - Calisto fala com
Esmeralda tocando nas mãos dela e encarando-a carinhosamente. - vamos? Quero te
mostrar meus amigos. - ele termina sorrindo.
- Sim, vamos. - Esmeralda solta suas
mãos das mãos geladas de Calisto.
Os dois saem em direção ao corredor,
onde guardaram seus livros da aula da senhorita Laura em seus armários,
Esmeralda porem demora um pouco para encontrar o seu. Calisto a ajuda na busca.
- Deve ser esse aqui. - fala Calisto
apontando para um armário com um cadeado rosa.
- Como você sabe? - Esmeralda pergunta
curiosa para ele.
Calisto coloca a mão no queixo dela e
levanta sua sombra celha.
- O cadeado é rosa e tem seu nome nele.
- ele ri
Esmeralda afasta-se de Calisto e se
aproxima do tal armário, realmente o seu nome estava escrito em um cadeado
rosa, ela olha para os cadeados dos outros alunos e percebe que só o dela era
diferenciado.
- Mas... Como...
- Deve ter um toque de dona Mercedez no
seu armário. - argumenta Calisto.
- Só pode ter sido a vovó mesmo. - Esmeralda
sente-se envergonhada. - será que eu não poderia ser normal por alguns minutos,
quem sabe até passar despercebida. - ela suspira.
Calisto se aproxima mais dela, até ele
sentir a respiração suave de Esmeralda, ele toca nos cabelos dela retirando as
mechas que insistiam em cair no seu rosto angélico, ele desce sua mão
suavemente pela face dela e segura no delicado queixo da moça.
- Você passar despercebida? - ele
suspira. - é quase impossível, pois você é linda demais._Calisto continua. - seu
rosto, sua pele, seu nariz, seus olhos, sua... Boca. - neste momento ele toca o
seu dedo polegar na boca de Esmeralda. - é muito difícil alguém não te olhar,
admirar, respeitar, amar...
O coração de Esmeralda pulsa
aceleradamente, sua pele arrepia-se, o medo toma conta de seu interior, um medo
de se machucar com seus sentimentos, pois não tinha uma lista de
relacionamentos normais, mas era difícil resistir a Calisto, ele era tão belo,
tão doce com ela, sempre prestativo, educado, sempre tão... Perfeito. Os lábios
dele se aproximavam lentamente dos dela, Esmeralda poderia sentir novamente
beijá-lo intensamente, mas algo a impedia... Sua insegurança deixou-a medrosa e
sem atitude para retribuir um beijo, ela se afasta alguns centímetros de
Calisto e toca seu dedo indicador na boca dele, que já estará com os olhos
fechados.
- Calisto... Eu...
Calisto desperta os seus belos olhos
verdes-claros abrindo-os intensamente. Sentindo-se derrotado novamente pela
“defesa” de Esmeralda ele fala:
- Eu sei. - ele suspira._devo te dar um
tempo, sei que ainda é cedo... Você está certa. Perdoe-me._ele termina.
Ela aproxima-se novamente dele e dessa
vez toca-o em seu rosto, arrumando a sombra celha bagunçada do rapaz.
- Já te perdoei. - ela sorri para ele,
Esmeralda saberia que Calisto amava aquele sorriso sincero e amável dela.
Algo chama a atenção de Esmeralda,
enquanto ela admirava a beleza de Calisto os olhos dele... Mudavam de cor! Ou
pelo menos um dos olhos dele estava diferente. O olho esquerdo de Calisto
estava verde-claro como sempre foi, mas o olho direito estava de cor avelã.
- Seu olho... - Esmeralda questiona
impressionada com ele.
- Como? - Calisto treme.
- Seu olho esquerdo está... Castanho? -
Esmeralda instintivamente afasta-se dele.