quarta-feira, 8 de abril de 2015

Por Acaso

Eu me chamo Rodrigo, tenho 18 anos e minha vida é complicada - mas que vida não é complicada? - vivo com os meus pais em uma casa modesta na zona sul da cidade mais quente e violenta do país, apesar de que não acredito muito nos noticiários e nos exageros que as pessoas falam ao citar "violência". É claro que Maceió não é um "jardim do Éden", porém temos nossa tranquilidade... as vezes... ou quase... Enfim...
Aos meus quinze anos descobri que eu queria ser independente. Não aguentava mais viver dependendo do dinheiro da minha mãe e do meu pai, então decidi procurar emprego. Eu jurava que seria fácil, pois via noticias de que as empresas estavam sempre procurando um novo funcionário, por isso antes mesmo de terminar o ensino médio, eu fiz meu currículo - horrível, por sinal. - e não gostei. Eu não tinha nenhuma experiência profissional e nem um curso básico. Mesmo assim não queria pedir grana a minha mãe, mas não teve jeito. Fiz o meu primeiro curso bancado pelos meus pais, aos quais vivem discutindo comigo, por não querer ir a igreja ou participar de algum grupo jovem de lá. Meus pais são cristãos, óbvio. Para ser mais claro, eles são evangélicos e do tipo que gritam: ALELUIA!, super alto. Eu não gosto de ir  igreja que eles frequentam e isso virou o motivo das nossas brigas diárias desde os meus quinze anos.
Eu não sou ateu e nem budista ou coisa parecida. Eu acredito em Deus, Jesus e até no coelho da páscoa - coelho da páscoa, não. - mas não acredito na forma em que Ele é interpretado pelos meus pais. Na minha interpretação vista dos meus pais, Deus é um tirano vingativo que não suporta ser desobedecido. Se não cumprir o que ele mandar você morre no outro dia e sua alma é mandada para o inferno e você passa o resto dos seus dias dançando com o capeta!
Acredito que Deus seja mais gentil e bondoso do que isso. Ele não me fez por acaso e nem quer me ver sofrer.
É difícil explicar isso aos meus pais. A gente nem conversa direito. Eu gostaria de ser escutado e ser respondido. Receber conselhos e abraços carinhosos, mas o que recebo dos meus pais são apenas criticas duras. Claro que eles não são una tiranos egoístas, pois dedicaram parte da vida de ambos para me educar, porém eu não me sinto amado. Não sinto que tenho uma vida. Apenas sinto que tenho uma sobrevivência.
Eu fiz o bendito curso e foi horrível. Péssimo ensino. o pior foi me encher de esperanças em relação a um emprego logo de cara, mas nada aconteceu. Até hoje estou desempregado e lutando contra mim mesmo para manter-me de pé e na esperança de conseguir algo. As coisas pioraram e muito desses anos que se passaram. Meus pais estão numa crise financeira que parece não acabar nunca e o pior é que eles me culpam por eu ser o motivo, afinal ainda não frequento a igreja deles.
(Próximo Livro)